Sujeira nos dentes me põe em alerta. Reunião-almoço é um momento em que ninguém deixa uma boa impressão. Esqueça. Já estive fechando um negócio com uma casquinha de feijão nos dentes. Não me avisaram. De pé, á cabeceira da mesa, eu escorria palavras higiênicas, fortes, límpidas, enquanto a dentição revelava justamente o contrário (Com algo nos dentes).
Tomo porre e não lembro nada. Depois de toda bebedeira, adoto essa desculpa, mas me lembro de tudo. Sempro lembro (…) A amnésia é uma invenção moral. Para evitar constrangimentos, para prevenir explicações, que são a parte cansativa da aventura (Doidera descartável).
Meus amigos reclamam quando suas namoradas as perseguem (…) Eu me faço de surdo (…) Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar uma ideia ou uma nova invenção para salvar as finanças, uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer amiga que se aproxime. Que arda de ciúme imaginário para prevenir o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe se abandona-la.
Trechos de Mulher Perdigueira, de Fabrício Carpinejar, no Rascunho (que, by the way, tá fora do ar faz uns dias já, uma pena :(